Audiência Pública na Câmara Municipal discute futuro do Hospital São Luiz Gonzaga

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Indefinições persistem, mas local não fechará, garante Secretário Alexandre Padilha

::: Ana Cláudia Sacomani

Pertencente à Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, um dos principais centros hospitalares da Zona Norte, o centenário Hospital São Luiz Gonzaga, no Jaçanã, passa por situação calamitosa. Entre os principais problemas estão a falta de médicos, medicamentos e infraestrutura precária, além da redução no número atendimentos. A unidade de saúde está aberta, mas sem oferecer aos pacientes um Centro Cirúrgico e uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O relógio corre, e as indefinições sobre o futuro da instituição persistem.

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Órgãos públicos e a população vêm se mobilizando para mudar este quadro caótico do hospital, que, apesar da falta de insumos e das péssimas condições de infraestrutura, chega a realizar 400 partos por mês. A Câmara Municipal de São Paulo realizou na última quarta-feira (18/11) uma audiência pública sobre a grave situação em que se encontra o Hospital São Luiz Gonzaga.

O debate, que teve a iniciativa do Vereador Aníbal de Freitas, reuniu representantes de entidades da Zona Norte, líderes comunitários, imprensa, população e autoridades políticas, em especial o Secretário Municipal de Saúde, Alexandre Padilha, e o Coordenador Regional de Saúde Norte, Dr. Alberto Oliveira.

Participaram, ainda, os vereadores Rubens Calvo, Gilberto Natalini, Nelo Rodolfo, Patrícia Bezerra, Wadih Mutran, Sandra Tadeu, Juliana Cardoso e Senival Mourza, o Bispo Sérgio de Deus Borges, os padres Hércules Daniel, Marcelino Motelske e Lúzia Aparecida Oliveira representando a Covisa.

A sessão foi aberta às 13h30 pelo Vereador Aníbal de Freitas, que lamentou a ausência dos dirigentes da Santa Casa de Misericórdia do Estado de São Paulo, que administra o hospital desde 2008, num momento tão relevante como este. Em seguida, Aníbal passou a palavra para o Bispo Sérgio de Deus Borges e o Padre Hércules Daniel, que relataram a aflição da população, pois há rumores de fechamento. Os vereadores também se manifestaram e relataram ao Secretário as principais dificuldades do hospital.

Reivindicações

As principais reclamações por parte da população foram a queda nos atendimentos e a falta de recursos como remédios e acessórios básicos. “O hospital necessita de mais medicamentos para atender os pacientes. A atual situação preocupa funcionários e a comunidade, pois o São Luiz Gonzaga está sofrendo com a superlotação”, lamentou Maria Cristina Bello, Conselheira do Hospital. De acordo com ela, 30% dos atendimentos vêm do município de Guarulhos, 20% de Mariporã, 10% de acidentes de trânsito na Rodovia Fernão Dias, o restante da população local.

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Foram questionadas ainda a falta de médicos e uma UTI mais moderna, capaz de atender os pacientes mais graves. Os munícipes ainda questionaram a morosidade no atendimento no pronto-socorro e no setor de marcação de consultas, que conta com poucos funcionários.

Abaixo-assinado

Há tempos, o Vereador Aníbal de Freitas vem lutando pela saúde na Zona Norte. Recentemente, o parlamentar elaborou um manifesto para sensibilizar as autoridades competentes, como o Governador Geraldo Alckmin e o Prefeito Fernando Haddad, e também a Sociedade Civil para a construção de um Complexo Hospitalar onde se encontra o atual Hospital São Luiz Gonzaga.
O documento consiste em modernizar o local, cujas instalações são antigas; aumentar o número de leitos para atender toda a demanda; melhorar as condições de trabalho dos funcionários (médicos, enfermeiros, recepcionistas e funcionários em geral); diminuir a superlotação nos atendimentos emergenciais, ambulatoriais, cirúrgicos, partos e internações e construir uma UTI, atualmente, o hospital possui uma Semi-UTI.

O documento já arrecadou 60 mil assinaturas. A meta é chegar a 100 mil.

Pronunciamento de Alexandre Padilha

O Secretário Municipal admitiu as dificuldades enfrentadas pelo São Luiz Gonzaga, mas disse que o local não irá fechar, pois será implantada uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) 24 horas para atender a comunidade. Segundo Padilha, a licitação já foi aprovada e uma empresa já contratada para a realização das obras, mas falta apenas a assinatura da Santa Casa.

O Secretário concluiu dizendo que em junho deste ano o Ministério da Saúde abriu um edital de chamamento público para projetos em 23 linhas de pesquisa em temas estratégicos para o Sistema Único de Saúde, com objetivo de fortalecer o SUS e contribuir para a melhoria das condições de saúde da população brasileira. O edital, cujas inscrições terminaram em 15 de julho, vai disponibilizar R$ 23,5 milhões para pesquisas. Puderam participar instituições brasileiras de Ensino Superior, institutos ou centros de pesquisa e desenvolvimento, além de empresas públicas que executem atividades de pesquisa em ciência, tecnologia e inovação.

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No entanto, a fala de Padilha a respeito desse edital, que é em âmbito nacional, não remedia a situação do São Luiz, já que se trata de uma proposta para melhorar as condições da saúde brasileira, mas não pontua as reais necessidades da instituição. O hospital, seguramente, poderá ser envolvido, porém se não houver a infraestrutura mínima necessária para receber ações de saúde, qualquer projeto será impraticável.

A luta é grande, e o hospital terá que enfrentar ainda muitos obstáculos. Mas, graças a iniciativas, como a do Vereador Aníbal de Freitas e demais vereadores, o centro hospitalar deverá superar todas as dificuldades e os pacientes poderão usufruir de mais qualidade de vida.