::: Bruno Viterbo
O cenário político municipal para as próximas eleições começa a ficar mais claro. Os prefeituráveis, que precisam oficializar suas candidaturas até 15 de agosto, já desenham alianças e mostram que a disputa eleitoral na maior capital do país será das mais acirradas – e com grande número de candidatos.
Neste final de semana, quatro prefeituráveis homologaram suas candidaturas, incluindo o candidato a reeleição Fernando Haddad (PT). O petista, que enfrenta altos índices de rejeição, aparece em quarto lugar na última pesquisa Datafolha. Haddad tem 8% das intenções de voto.
O petista apresentou sua candidatura no domingo (24), ao lado do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, Ciro Gomes – provável candidato à presidência da República em 2018 -, a atual vice-prefeita Nádia Campeão e Gabriel Chalita (PDT), que será o vice na chapa composta por PT, PDT, PR PCdoB e Pros. A convenção foi marcada por críticas ao presidente interino Michel Temer e citações indiretas a Marta Suplicy, que trocou o PT pelo PMDB – deste, saiu Chalita, que filiou-se recentemente ao PDT.
O PT vê nas eleições municipais de São Paulo uma tentativa de manter-se em grandes postos. A presidente afastada Dilma Rousseff, as investigações em curso da Lava Jato e a baixa popularidade de Haddad na capital são barreiras para que o partido avance. A alta rejeição – a Haddad e ao partido – é outro entrave, ainda que medidas tomadas pela gestão do petista tenham amplo reconhecimento, como as ciclovias e faixas exclusivas de ônibus.
Quem também oficializou campanha foi o líder nas pesquisas de intenção de voto, Celso Russomanno (PRB). A convenção do partido, realizada no domingo (24), mostrou as alianças feitas – PSC, PTN e PEN – e contou com a presença do Ministro da Indústria, Marcos Pereira. Russomanno aparece com 25% na última pesquisa Datafolha, muito acima dos 16% de Marta Suplicy (PMDB).
Nas eleições de 2012, Celso Russomanno também aparecia à frente das pesquisas para o primeiro turno. No entanto, às vésperas da primeira rodada de votos, o cenário ficou indefinido: ele, Haddad e José Serra apareciam com 22%. Russomanno ficou em terceiro lugar, fora do segundo turno. Nas próximas eleições, o candidato enfrenta um processo no Superior Tribunal Federal – crime de peculato – e, caso condenado, estará impedido de disputar o pleito. O prefeiturável afirma que está “tranquilo” e que “existem outros casos análogos ao meu e todos foram aprovados”.
Luiza Erundina (PSOL), que já foi prefeita de São Paulo entre 1989 e 1993 pelo PT, também oficializou no domingo (24) sua candidatura, cuja chapa será composta com o vice Ivan Valente, deputado federal. A candidata aparece em terceiro lugar na última pesquisa Datafolha, com 10% das intenções de voto.
A expectativa no partido é que Erundina tenha reais chances de chegar ao segundo turno. Mais à esquerda que o PT no espectro político, a candidata é crítica à gestão de Haddad, e diz ser “contra o vale da tudo da politica tradicional, acreditamos que sim, os sonhos podem governar”. No lançamento da candidatura, Erundina também afirmou que é preciso “resistir ao golpe e aos retrocessos” – uma citação ao processo de impeachment de Dilma Rousseff.
Por fim, o PSDB oficializou a candidatura do empresário João Dória à Prefeitura. A chapa também será composta com um tucano, Bruno Covas. A convenção do partido contou com a presença do governador do Estado Geraldo Alckmin. Ausências de “caciques” foram sentidas, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ministro das Relações Exteriores José Serra. No entanto, lideranças do PSDB em âmbito nacional estiveram presentes, como o senador Aloysio Nunes, o líder do PSDB na Câmara dos Deputados Antonio Imbassahy, o Ministro das Cidades Bruno Araújo, o Ministro da Justiça Alexandre de Moraes e o governador de Goiás Marconi Perillo.
As prévias tucanas foram marcadas por acusações. A situação fez com que um clássico peesedebista, Andrea Matarazzo – que disputou as prévias – saísse do partido e se filiasse ao PSD, do ministro Gilberto Kassab. A coligação do partido será composta com onze partidos: PSB, DEM, PTC, PMB, PHS, PV, PP, PRP, PTdoB e PPS.
A convenção foi marcada por críticas ao Partido dos Trabalhadores. O senador Aécio Neves enviou vídeo pedindo unidade no partido.
Outros candidatos
No final de semana, a coluna de Lauro Jardim no O Globo pode reconfigurar o cenário da disputa municipal. De acordo com o jornalista, Andrea Matarazzo (PSB) aceitou ser vice na chapa com Marta Suplicy (PMDB). Matarazzo aparece com 3% das intenções de voto, enquanto Marta – que ainda não lançou oficialmente sua candidatura – tem 16%. Major Olímpio (Solidariedade) e João Bico (PSDC) também já lançaram suas pré-candidaturas.
A disputa
A disputa começa a ganhar contornos mais claros, ainda que com as indefinições de alguns candidatos em relação à candidaturas e questões judiciais. É certo que será uma das eleições mais difíceis para os partidos, sobretudo sem o financiamento de campanhas que está proibido já no pleito municipal.
Os candidatos tem até 15 de agosto para oficializar suas candidaturas. O período de propaganda partidária no rádio e na TV será entre 26 de agosto e 29 de setembro. Conforme as coligações e alianças forem definidas, o tempo de TV de cada candidato é alterado, de acordo com as regras eleitorais proporcionais ao tamanho dos partidos.
O primeiro turno será em 2 de outubro, e o segundo, no dia 30 do mesmo mês.
Foto: César Ogata / SECOM
Fotos candidatos: Facebook