Esta foi uma eleição peculiar. E modesta. Custou um terço do que foi gasto em 2012 – de aproximadamente R$ 6,24 bilhões para R$ 2,1 bilhões. Com a proibição de doações de empresas aos candidatos – valem apenas doações de pessoas físicas, as campanhas ficaram mais enxutas – o tempo de TV foi muito menor, pouco material foi visto nas ruas (cartazes, santinhos e outros do gênero) e os candidatos tiveram que “bater perna” para conquistar votos, à moda antiga.
Na moda contemporânea, as redes sociais foram palcos para divulgações mais diretas de modo a envolver o eleitorado – principalmente aqueles descrentes em relação à política. Vereadores também tiveram que gastar sola de sapato, seja para manter seus redutos em bairros ou manter seus mandatos – alguns de décadas na Câmara Municipal.
No país, situações também peculiares. Quatro dos principais atores da política nacional nos últimos anos – Dilma Rousseff, Michel Temer, Lula e Eduardo Cunha – tiveram seus momentos particulares.
O atual presidente “madrugou” e foi o primeiro a votar em sua seção para evitar protestos de eleitores contrários ao atual governo. Dilma e Lula foram recebidos por militantes, e a ex-presidente enfrentou confusão: não foi permitido o registro no momento da votação, por tratar-se de uma “pessoa comum”. Já Eduardo Cunha afirmou que não votou em quem votou contra ele – além de ter sido xingado.
Ainda em relação ao cenário nacional, o PMDB está de fora das duas principais capitais do Brasil. Em São Paulo, Marta ficou em quarto lugar; no Rio de Janeiro, Pedro Paulo ficou em terceiro, com 16,1 % dos votos válidos – ele era o candidato do atual prefeito Eduardo Paes.
Por outro lado, a esquerda vê em Marcelo Freixo (PSOL, 18,3%), alçado ao segundo turno carioca para disputar com Marcelo Crivella (PRB, 27,8% dos votos) um fio de continuidade, já que o PT foi arrasado no cenário nacional.
O PSDB foi o partido que mais cresceu em relação à eleição anterior: foram 792 eleitos ainda no primeiro turno, ante 695 de 2012. O PMDB ainda permanece como o maior partido, mas saltou de 1.021 para 1.027. O PT obteve uma queda avassaladora: de 638 em 2012 e 256 agora.
Os sucessivos escândalos de corrupção atingiram o núcleo do PT, alvejado pelo “petrolão” e o impeachment de Dilma Rousseff. Em São Paulo, tida como a capital como último bastião para que o PT ficasse em evidência, também sucumbiu – Fernando Haddad, apesar do segundo lugar, foi derrotado por Joao Doria (PSDB) por larga margem.
Foto: Paulo Pinto/ Fotos Públicas