::: Bruno Viterbo
Com passagens por diversas emissoras de TV e rádio, o jornalista Ricardo Capriotti ainda encontra fôlego para dividir a função com as corridas e maratonas mundo afora. Fôlego também é o nome do programa que comanda na Rádio Bandeirantes, ao lado de Sergio Patrick. Todos os domingos, das 8h30 às 9h, Capriotti e Patrick dão dicas sobre treinamentos, corridas, equipamentos, além de contar com especialistas que respondem dúvidas dos ouvintes e entrevistas com que entende do assunto.
Capriotti iniciou a carreira de jornalista ainda aos 16 anos como produtor na Rádio Difusora Oeste, em Osasco. Depois, passou para o jornalismo esportivo e dele não saiu mais. São 32 anos trabalhando em rádio, sendo 27 deles dedicados ao esporte. Realizou coberturas esportivas – quatro Copas do Mundo, duas Olimpíadas – além de jornalismo geral, como eleições e o acidente do voo da TAM. “Isso tudo é marcante para um jornalista esportivo. É um reconhecimento, você se sente recompensado porque a empresa acredita que você pode atuar em outra editoria, e não só o esporte”, afirma Capriotti. No grupo Bandeirantes, passou pela TV e pela rádio, desde 1993. Teve uma passagem pela Record, onde ficou de 2002 a 2009. Desde então, Capriotti está na Bandeirantes.
O interesse pelas corridas surgiu por uma questão de saúde. A vida (com o perdão do trocadilho) corrida de jornalista – Capriotti era repórter de campo antes de se tornar âncora – o levou a realizar uma cirurgia de varizes, e o médico recomendou que realizasse caminhadas todos os dias. O ano era 1999, e Capriotti foi, aos poucos, tomando gosto pela atividade, aumentando gradativamente a intensidade: caminhada, trote leve, corrida. Mas, em 2002, uma lesão no joelho o fez procurar orientação adequada para que continuasse com as atividades. O treino passou a ser levado a sério, ao mesmo tempo que o jornalista percebia que a corrida atraía cada vez mais corredores. Foi com essa “carta na manga” que Capriotti apresentou à rádio o programa Fôlego. A emissora topou, e já são quase sete anos no ar com um programa diferente do perfil da rádio. “É um público que busca informação, mas também busca um incentivo para deixar o sedentarismo. É um projeto que felizmente vingou e que a Rádio Bandeirantes adora”, afirma Capriotti.
O jornalista perdeu as contas de quantas corridas de meia-maratona já participou. Somente este ano, Capriotti treina para quatro eventos. Entre o trabalho diário na rádio – o jornalista também é coordenador de esportes – e os afazeres pessoais, Capriotti encontra tempo para treinar seis vezes por semana: quatro vezes para corrida e duas vezes para musculação. O planejamento é ainda maior quando se fala de maratona. A prova, de 42 quilômetros, exige muito mais do atleta. A única prova – e mais difícil – que participou foi em 2013, na capital argentina Buenos Aires.
Correr em terra portenha não foi fácil. Um mês antes da prova Capriotti sofreu uma lesão que interferiu no rendimento. Para completar, a previsão do tempo não ajudou: fez mais calor que o previsto, causando desidratação. Por isso, a saúde e o preparo físico são fundamentais: “Esse binômio da atividade física e alimentação saudável é o que a gente deve perseguir se nós quisermos ter um país com uma população mais saudável e com mais qualidade de vida quando chegar à terceira idade”, completa.
No Brasil, a prova de rua mais conhecida é a São Silvestre. Disputada todo dia 31 de dezembro, a prova deixou de ser uma corrida para ser um evento. Capriotti já participou de “seis ou sete”, e reconheceu que o clima é diferente de todas as outras provas. Porém, as mudanças de percurso realizadas quase todos os anos impedem que corredores conheçam o trajeto e se preparem de modo adequado. Enquanto a maioria dos trajetos são de cinco, dez, 21 ou 42 quilômetros, a São Silvestre é uma prova de 15. Com as mudanças constantes, a referência é perdida, e marcas e recordes são mais irregulares.
Apesar de termos muitos talentos no esporte, o Brasil peca no preparo de base. Para Capriotti, o grande problema é a falta de material humano de qualidade para que as modalidades possam se desenvolver. O incentivo, apesar de ser suficiente para algumas modalidades, não é o grande problema.
Incentivo esse que também vem da família. Para que a criança se desenvolva plenamente no esporte, é preciso acompanhamento e, principalmente, atenção de pais e educadores. “As crianças precisam passar por momentos lúdicos, ter uma evolução para depois descobrir qual é a atividade que lhe dá mais prazer e que possa levar isso para a vida toda. Muitas desistem porque os pais querem que ela pratique determinado esporte, mas a criança não tem afinidade. O trabalho de base com as crianças ainda é precário no Brasil, faltam muitos profissionais que fazem esse trabalho de direcionamento. Por isso que a gente perde muitos talentos e não consegue preencher esse espaço”, afirma Capriotti.
Aos 48 anos, Ricardo Capriotti nem pensa em parar. Movido a desafios – “o corredor é movido a metas, é isso que faz a gente estar sempre ativo” –, o jornalista se prepara para participar da maratona de Nova Iorque em 2016. Outra meta é participar de uma prova de aventura, com trilhas e montanha, pois “a gente acaba ficando cansado e um pouco enjoado do asfalto de São Paulo”. Por enquanto, essas são as metas de Capriotti. Mas engana-se quem acha que elas param por aí: “Talvez, quando eu completar esses dois, eu vou colocar mais alguns aí na frente!”. Haja fôlego!
foto (topo): Reprodução / Facebook Ricardo Capriotti