Tempos atrás soltamos um artigo sobre nossa experiência em um jogo VR protagonizado por um dublê em ação nos cinemas. E agora, mais uma vez em realidade virtual, tivemos a oportunidade de encontrar muita diversão no mesmo tema, mas na pele de uma investigação bizarra e repleta de referências da sétima arte.
Deep Cuts é um material que entrega o roteiro e deixa você correr solto, misturando jogabilidade baseada em física com a magia da tela grande. É criativo, caótico e muitas vezes hilário.
A história do jogo estabelece bem o cenário, com Elise trabalhando como produtora de filmes na Lights, Camera, Faction, um estúdio de cinema que já foi próspero, mas agora está em decadência. A premissa é simples, mas bizarra: Malcolm, parceiro de Elise no estúdio, desapareceu, e a única maneira de encontrá-lo é usando uma tecnologia chamada Neurareel para entrar nos diferentes filmes que o estúdio criou ao longo dos anos, a fim de rastreá-lo.
Os filmes produzidos pelo estúdio abrangem uma ampla variedade de gêneros, incluindo faroestes, aventuras de ficção científica e até terror, com cada um trazendo consigo um estilo visual e narrativo distinto que ajuda a torná-los únicos, com Deep Cuts explorando uma grande variedade de tons e estilos de jogabilidade durante sua aventura. Em um momento, você pode estar envolvido em um tenso tiroteio no Velho Oeste, enquanto no próximo, você está devorando cachorros-quentes em um concurso de comer divertido. O jogo não se leva muito a sério, aproveitando a absurdidade e o humor que vêm com seus cenários inspirados em filmes, com esse tom divertido garantindo que sempre haja algo excêntrico e divertido para fazer.
PARABÉNS AOS PRODUTORES
Como o jogo é baseado em física, quase todo objeto no ambiente pode ser interagido (ou usado para bater em inimigos), incentivando a resolução criativa de problemas e a experimentação para avançar na aventura. É muito satisfatório e dá ao jogo uma sensação parecida com a de Bone Labs em como você interage com o mundo, enquanto explora perfeitamente as forças da realidade virtual. O jogo mede a força das suas ações, então, balançar um objeto pesado contra um inimigo parece impactante, enquanto colocar pouco esforço em seus golpes pode ser igualmente fraco. Na verdade, bastam apenas alguns golpes para derrubar a maioria dos inimigos, mas saber que você precisa colocar um pouco de esforço em cada um de seus ataques torna a experiência ainda mais imersiva.
Não se preocupe, você também terá em suas mãos um arsenal criativo de armas que se encaixam bem no tema de cada filme. Você também tem acesso ao Bodegun, um dispositivo portátil que permite gerar armas, munições e até inimigos, o que não só aumenta a sensação de liberdade criativa ao jogar nos diferentes filmes, mas também garante que você tenha sempre um arsenal robusto para brincar. Poderes adicionais também são introduzidos à medida que você joga, garantindo que os jogadores sempre tenham truques engraçados na manga para melhorar a experiência de jogo.
Cada set de filme é composto por uma variedade de cenas distintas, que você precisará completar para avançar na história. A variedade nessas cenas ajuda a manter o jogo sempre fresco, seja ao explorar uma casa assombrada, realizar um assalto a banco, lutar contra palhaços em um carro de palhaço gigante (sempre me perguntei como todos conseguiam caber lá dentro), ou ter um tiroteio com uma metralhadora em um filme noir de gângster. Algumas das missões mais incomuns – como o já mencionado concurso de comer cachorros-quentes – adicionam um toque de humor que impede o tom de ficar muito intenso, mas, se for sincero, é claro que Deep Cuts nunca se leva muito a sério de qualquer maneira.
Essa variedade se estende também às lutas contra chefes do jogo, que apresentam designs criativos, mas são um pouco uma mistura de acertos e erros na execução. Pegue a batalha contra o preguiçoso gigante estilo kaiju, por exemplo, que é um encontro visualmente impressionante, mas que se torna excessivamente arrastado e tedioso. Problemas de detecção de acertos e padrões repetitivos de ataque fazem com que algumas dessas batalhas sejam mais irritantes do que satisfatórias, o que atrapalha o fluxo geral do jogo. Não é sempre um problema, mas quando acontece, pode realmente desacelerar o ritmo de Deep Cuts. É uma pena, porque, em termos de apresentação, elas representam alguns dos momentos mais legais do jogo.
Embora as física e a variedade de jogabilidade sejam os destaques, Deep Cuts tem alguns problemas. Ele deixa um pouco a desejar no quesito acessibilidade, então, se você ainda não está completamente confortável com a realidade virtual, pode achar a falta de vinhetas e de jogabilidade sentado um pouco decepcionante. As mecânicas de escalada também são inconsistentes e desajeitadas, com dificuldades em se agarrar a beiradas de maneira adequada, levando a momentos frustrantes enquanto você tenta navegar pelo ambiente.
Mas, em bom resumo, o jogo é experiência divertida e criativa em realidade virtual, repleta de caos, mas garantindo boa diversão.