O último dia 8 de julho marcou o “aniversário” de um ano da esmagadora derrota do Brasil para a Alemanha por 7 a 1, na Copa do Mundo. Convenhamos, até que o tempo passou rápido. E, nesse período, inúmeras palavras e promessas foram atiradas aos milhões de brasileiros que veem – ou viam? – no futebol algo a se valorizar. A seleção perdeu, o País enraiveceu – e não apenas por conta do vexame em pleno Maracanã. Nesse tempo, o Brasil mergulhou de cabeça para marcar vários gols. Contra.
O disputado processo eleitoral fez emergirem forças desprezíveis. A polaridade gerada no sufrágio deu voz ao que há de pior: preconceitos, calúnias, rivalidades. As redes sociais – e outros locais oficiais – tornaram-se palco para uma disputa nada sadia: o famoso “ganhar no grito”.
A sociedade brasileira vive momentos de ebulição, como numa panela a ponto de transbordar: racismo declarado ou a justiça com as próprias mãos mostram que essa minoria de pessoas está perdendo a mão. Não há civilidade.
Civilidade essa que encontra eco nas relações pessoais. Muitos dizem que hoje não se pode falar nada. Pelo contrário. Fala-se cada vez mais. O problema é respeitar a opinião do outro, não necessariamente aceitar.
Enquanto o debate saudável se esvai, o “grito” é constante, ensurdecedor, irritante. E, muitas vezes, patético.
Na política, denúncias brotam ao sabor do vento. De empresas a políticos, as “lava jatos” da vida continuam a invadir nossas casas. Essas “lava jatos” não obrigatoriamente tem a ver com o bolso do brasileiro, tão roubado em décadas de corrupção – e com uma economia conflituosa. A saúde é problemática, apesar dos poucos avanços. A reportagem de capa desta semana ilustra a falta de comprometimento com a saúde pública: nem metade das propostas foram concretizadas.
A educação, que deveria ser prioridade de Estado, independentemente de quem está no poder, evolui a passos lentos. No Governo Federal, sofre corte de gastos. No Estadual, o salário dos professores é inflado.
E o futebol… A derrota, apesar de triste, levantou questões sobre a estrutura do esporte no Brasil. Passado um ano, nada mudou: campeonatos de nível baixo, clubes com dívidas milionárias e nada feito para fortalecer o futebol: física e economicamente. Mas, um alento: a FIFA se vê em sua pior crise, com denúncias de corrupção em várias instâncias e, claro nas confederações. A CBF é alvo de investigações de casos que se arrastam por décadas. Seus dirigentes permanecem acuados. Nem é preciso lamentar a eliminação na Copa América. É o reflexo da ingerência do esporte.
Um ano depois da acachapante derrota, o Brasil avança e retrocede, em esperança e desencanto. Mas, jamais perderemos o brio.