Tecnologia vestível: ela veio para ficar?

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::: Bruno Viterbo

O lançamento oficial do Apple Watch na última segunda-feira (9/3) agitou o mercado de tecnologia. Não exatamente por ser uma novidade – o relógio inteligente da marca foi apresentado ao mundo em 2014, com algumas especificações. No evento, mais detalhes do relógio foram mostrados, como aplicativos que facilitam o dia a dia e os valores: de US$ 349 (versão básica) até US$ 10 mil na versão em ouro 18 quilates.

Porém, a Apple chega atrasada no mercado. Todas as outras gigantes da tecnologia e concorrentes da “maçã” já tem seus smartwatches no mercado há algum tempo. Samsung, LG, Sony e Motorola anteciparam uma tendência: a tecnologia vestível. Mas até que ponto essa novidade é realmente útil?

Para essas marcas, a entrada da Apple nesse mercado pode ser vantajosa. A marca sempre ditou as tendências do mercado. Foi assim tanto com o iPad (tablet) quanto com o iPhone (celular). No entanto, estes dois produtos tiveram o pioneirismo como característica. O Apple Watch chega “atrasado”, mas deve influenciar nas vendas das outras marcas, geralmente com preços menores que os praticados pela Apple, em qualquer lugar do mundo.

Na ânsia de criar um produto promissor, o relógio da Apple não é exatamente aquilo que a maioria dos críticos de tecnologia esperavam. Apesar da beleza estética do produto, as funcionalidades esbarram na utilidade delas. Muitas são realmente úteis, como o pagamento com cartão de crédito – não é preciso pegar a carteira, o relógio faz tudo sozinho – ou para abrir portas em hotéis: aproxime o Apple Watch da fechadura eletrônica, e pronto, a porta esta aberta.

O manuseio é outro empecilho. Minimalista, com apenas dois botões, o Apple Watch tenta emular a experiência de um relógio antigo, com uma coroa giratória. Ela permite que o usuário dê zoom em mapas e outros arquivos, já que seria uma tarefa nada fácil realizar essa função com os dedos, como se fosse uma pinça, em uma tela tão pequena: são dois modelos, de 38 milímetros e 42 milímetros de altura.

Não somente o Apple Watch, mas todos os modelos – como o belíssimo Moto 360 da Motorola – enfrentam uma questão: eles são realmente úteis? Ver notificações (de redes sociais ou e-mails) ou o simples gesto de visualizar as horas tem sua praticidade, já que não é preciso retirar o smartphone do bolso. Mas, e as outras funções, como enviar mensagens (por meio da voz) ou tirar fotos (como o modelo da Samsung)? Quem vai falar em público algo que poderia ser digitado ou levantar o pulso para fotografar?

O tempo dirá se essas utilidades serão consideradas corriqueiras ou gestos “estranhos” – é só lembrar dos tablets: antes, tirar fotos com um deles era a pior das etiquetas em tecnologia. Hoje, tão comum, que ninguém se importa.